terça-feira, 24 de novembro de 2009

24/11/2009 - INCA anuncia número de novos casos de câncer esperados para 2010

O Instituto Nacional de Câncer (INCA) apresentou à imprensa os destaques da publicação Estimativa 2010 – Incidência de Câncer no Brasil. São esperados para o próximo ano 489.270 novos casos de câncer. O mais incidente será o câncer de pele não-melanoma, com 113.850 casos. Em seguida vêm os tumores de próstata (52.350); mama feminina (49.240), cólon e reto (28.110) e pulmão (27.630). A Estimativa é produzida pelo INCA a cada dois anos, a partir das informações coletadas pelos Registros de Câncer de Base Populacional existentes no Brasil.


O diretor-geral do INCA, Luiz Antonio Santini, frisou a importância da Estimativa para que os gestores de saúde possam definir quais políticas devem ser implementadas, de acordo com os tipos de câncer mais incidentes em cada estado ou região. “As estimativas mostram que a distribuição geográfica dos novos casos de câncer não é uniforme. As informações da Estimativa abrem oportunidades para a prevenção”, afirmou.


O coordenador de Prevenção e Vigilância do INCA, Cláudio Noronha, explicou que, apesar de os homens adoecerem mais de câncer, o número absoluto de casos é maior entre as mulheres. “O câncer é uma doença do envelhecimento. E como a expectativa de vida entre as mulheres é mais alta, existem mais mulheres na terceira idade do que homens”. No total geral, são esperados 192.590 (51,3%) casos novos de câncer em mulheres em 2010 e 182.830 (48,7%) entre os homens.


Noronha informou que, à exceção do câncer de pele não-melanoma (tipo de bom prognóstico, muitas vezes tratado no ambulatório), os casos de câncer de pulmão ocupam o segundo lugar entre os homens no Brasil e nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Norte e no Nordeste, esse tipo de câncer ocupa a terceira posição, enquanto em segundo lugar estão os tumores de estômago.


Entre as mulheres também há diferenças regionais. O câncer de mama é o mais incidente no Brasil e nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. No Norte, a liderança fica com o câncer do colo do útero. As taxas brutas (número de pessoas que podem desenvolver uma determinada doença num universo de 100 mil habitantes) também variam bastante, mesmo quando a comparação é entre um único tipo de câncer ocupando posição idêntica no ranking regional.


O câncer de próstata ocupa a primeira posição em todas as regiões brasileiras, mas a taxa bruta triplica quando se compara a incidência esperada na Região Norte (23,7%) com a Região Sul (69,4%). A taxa bruta para o câncer de mama no Sul (64,3%) e no Sudeste (64,5%) é praticamente o dobro da esperada para o Nordeste (30,1%) e o Centro-Oeste (37,7%).


Tanto Santini quanto Noronha enfatizaram que em torno de 30% a 40% dos novos casos de câncer poderiam ser evitados com mudanças de hábitos e comportamentos de risco, como eliminação do tabagismo, redução na ingestão de bebidas alcoólicas, proteção contra a radiação solar, prática de atividade física e alimentação equilibrada, priorizando o consumo de frutas, legumes e verduras e reduzindo o de gorduras.

Release: Brasil terá quase meio milhão de novos casos de câncer em 2010

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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

21/11/2009
Zero Hora

Mamografia questionada
Recomendações de comissão nos EUA colocam o exame em xeque

Ao indicar a mamografia apenas para mulheres a partir dos 50 anos, na terça-feira, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos – uma comissão independente mantida pela Agência de Pesquisas da Saúde dos Estados Unidos – dividiu especialistas, inclusive no Brasil. O grupo concluiu que os benefícios com o exame eram menores do que o risco de um falso diagnóstico, levando a custos médicos elevados e ao desgaste emocional das pacientes.

No dia seguinte, a secretária de Saúde americana, Kathleen Sebelius, sepultou a polêmica. Em nota oficial, esclareceu que a comissão não estabelece as políticas federais de saúde, que seguem indicando o exame de rotina a partir dos 40 anos. O recuo ocorreu após as críticas de especialistas que temiam que a recomendação levasse a mais mortes por câncer. Encerrado o episódio por lá, médicos brasileiros acreditam que o momento é propício para mudanças sutis nos consultórios daqui.

As mamografias habituais para rastreamento de lesões continuarão sendo feitas a partir dos 40 anos pelo SUS, ou até mais cedo, em casos em que já existe suspeita decorrente, por exemplo, do autoexame. A lição que fica é a de que pacientes e médicos devem conversar mais sobre os procedimentos.

– A mulher precisa saber os riscos a que se expõe em um exame – afirma Felipe Zerwes, presidente da Sociedade de Mastologia do Rio Grande do Sul.

Conforme Zerwes, no caso da mamografia – menos precisa até os 50 anos porque as mamas são mais densas –, existe o risco de falsos-positivos, ou seja, quando o exame demonstra uma alteração que não evoluirá como câncer, mas que demanda uma investigação adicional com outros exames de imagem e até biópsias mamárias, com aumento de custo e forte impacto emocional.

A polêmica não afetou o status do exame entre os mastologistas. Para muitos mastologistas, a mamografia é um exame extremamente útil para rastreamento, quando não há um sintoma nem um tumor palpável.

– Ainda é o melhor exame disponível para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Sua ausência seria um retrocesso no esforço de diagnosticar lesões iniciais, ainda não sintomáticas – ressalta o especialista.

Defensora do exame, a radiologista Radiá Pereira dos Santos, integrante da comissão de mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia, considera que o estudo que motivou a proposta de mudança nos Estados Unidos contraria quatro décadas de pesquisas.

– Um recente estudo sueco ressalta que o diagnóstico precoce aumenta em 50% as chances de cura. Nesse processo, a mamografia é importante, é eficaz e não é invasiva – completa.