21/11/2009
Zero Hora
Mamografia questionada
Recomendações de comissão nos EUA colocam o exame em xeque
Ao indicar a mamografia apenas para mulheres a partir dos 50 anos, na terça-feira, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos – uma comissão independente mantida pela Agência de Pesquisas da Saúde dos Estados Unidos – dividiu especialistas, inclusive no Brasil. O grupo concluiu que os benefícios com o exame eram menores do que o risco de um falso diagnóstico, levando a custos médicos elevados e ao desgaste emocional das pacientes.
No dia seguinte, a secretária de Saúde americana, Kathleen Sebelius, sepultou a polêmica. Em nota oficial, esclareceu que a comissão não estabelece as políticas federais de saúde, que seguem indicando o exame de rotina a partir dos 40 anos. O recuo ocorreu após as críticas de especialistas que temiam que a recomendação levasse a mais mortes por câncer. Encerrado o episódio por lá, médicos brasileiros acreditam que o momento é propício para mudanças sutis nos consultórios daqui.
As mamografias habituais para rastreamento de lesões continuarão sendo feitas a partir dos 40 anos pelo SUS, ou até mais cedo, em casos em que já existe suspeita decorrente, por exemplo, do autoexame. A lição que fica é a de que pacientes e médicos devem conversar mais sobre os procedimentos.
– A mulher precisa saber os riscos a que se expõe em um exame – afirma Felipe Zerwes, presidente da Sociedade de Mastologia do Rio Grande do Sul.
Conforme Zerwes, no caso da mamografia – menos precisa até os 50 anos porque as mamas são mais densas –, existe o risco de falsos-positivos, ou seja, quando o exame demonstra uma alteração que não evoluirá como câncer, mas que demanda uma investigação adicional com outros exames de imagem e até biópsias mamárias, com aumento de custo e forte impacto emocional.
A polêmica não afetou o status do exame entre os mastologistas. Para muitos mastologistas, a mamografia é um exame extremamente útil para rastreamento, quando não há um sintoma nem um tumor palpável.
– Ainda é o melhor exame disponível para o diagnóstico precoce do câncer de mama. Sua ausência seria um retrocesso no esforço de diagnosticar lesões iniciais, ainda não sintomáticas – ressalta o especialista.
Defensora do exame, a radiologista Radiá Pereira dos Santos, integrante da comissão de mamografia do Colégio Brasileiro de Radiologia, considera que o estudo que motivou a proposta de mudança nos Estados Unidos contraria quatro décadas de pesquisas.
– Um recente estudo sueco ressalta que o diagnóstico precoce aumenta em 50% as chances de cura. Nesse processo, a mamografia é importante, é eficaz e não é invasiva – completa.
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