terça-feira, 23 de junho de 2009



ENTREVISTA JOYCE PASCOWITCH
Jornal Carta de Gramado

“Hoje me permito ter mais tempo
ocioso, fazer coisas que me dão prazer”


A jornalista paulistana Joyce Pascowitch é uma
das mais importantes colunistas do País e dona
da Glamurama, que mantém um site e edita duas
revistas. Nesta entrevista exclusiva, Joyce conta
com a sinceridade e a leveza de sempre como
enfrentou e venceu um câncer de mama.

Você é uma pessoa muito ativa, com muita energia.
De que modo isso pesou na hora de enfrentar o tratamento?
– Há momentos em que realmente fica muito difícil segurar a situação, mas felizmente eu tive muito apoio do meu marido, dos filhos, dos funcionários.
Gente como meu motorista, com quem convivo há 15 anos,

e outras pessoas que estão comigo há bastante tempo, também tiveram um papel muito importante.
Quando soube do problema você contou de imediato para as pessoas mais próximas ou escondeu por um tempo?
– No começo eu não queria que minha mãe soubesse, por exemplo. Até porque se eu fosse dividir com todo mundo não ia ter energia para mim mesma. Mas depois era inevitável que eu contasse.
Qual foi o momento mais difícil neste processo?
Foi quando eu soube que teria de operar.
E o tratamento, como foi?
– O tratamento é muito duro mesmo. Os medicamentos provocam
mal-estar, o organismo fica muito fragilizado.

O tratamento também mexe com a vaidade...
– Passar por algo assim serve para que se aprenda a dar à vaidade seu devido peso.Quando a vida está em jogo, a vaidade fica em segundo plano. Meus cabelos caíram pouco, mas ficaram enrolados em tufos. Decidi cortar e usar perucas. Diante da gravidade do problema, isso foi o de menos.
A cirurgia em si costuma ser o grande problema.
– Os próprios médicos sugerem que junto já se faça algo para compensar.

Como eu sempre tive os seios fartos, foi feita uma redução no seio não afetado e esteticamente o resultado ficou satisfatório.
Além dos riscos e dos transtornos, a doença também afeta a vida profissional que, no seu caso, sempre foi bastante movimentada.
– O problema ocorreu numa fase da vida em que sou a dona da empresa, o que me permite maior flexibilidade de agenda, menos obrigações, e ainda tenho uma equipe que mantém tudo funcionando. Eu lidei bem com a questão de ter de reduzir o ritmo, trabalhar menos. Não tive problemas em relação a isso.
O que você diria para uma mulher que acaba de saber que está com câncer de mama?
– Em primeiro lugar ter força para lutar, pensar que o problema vai melhorar, vai passar.Hoje há muitos tratamentos avançados, todo tipo de recursos.
Tem de tentar segurar a barra, manter a cabeça em ordem.
Fazer yoga, se possível, ler livros com mensagens positivas, ficar próxima de pessoas que lhe levantem o astral. No meu caso, desacelerei minhas atividades profissionais, me permiti ter mais prazer, mais tempo ocioso, fazer coisas que dêem prazer.
Qual sua opinião sobre eventos como o I Fórum Saúde Mulher?
Considero fundamental discutir o problema para conscientizar as pessoas sobre a necessidade de prevenção e também sobre a importância de proporcionar
a todas as mulheres com câncer de mama um tratamento com a maior qualidade possível.

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